33 dias do ano de Warburg
Faz mais ou menos um ano que escrevi sobre a mansão. Foi o tempo que levei pra entender a coisa toda. Eu ia pro estúdio todo dia. Chegava 06 hora e ficava até umas 11e30. Antes do almoço eu visitava minha psiquiatra. Esse foi nosso acordo. Depois de atropelar sete pessoas numa parada de ônibus. Depois de me chapar sete dias seguidos com um zoológico de coisas erráticas. Eu pintava pra esquecer. O acordo foi aquele psicotratamento-todo-dia. Só que isso acabou comigo. A pintura me salvou. A psiquiatra era do tipo retroescavadeira na minha cabeça. Estratificando minha alma. Foi na pintura decorativa artesanal que conheci essa galera. Num tempo perdido e louco que precede qualquer narrativa escolhida, esse grupo de aspirantes queria investigar “aspectos recorrentes e profundos do pós0m. O que eu podia fazer? Eu só queria fugir de poa/rs. Tudo isso vai phaserificar minhas potencialidades cerebrais, eles diziam. Me socaram panfletos pró-irmandade. Assisti dúzias de VHS. Sentei ao lado do cadáver-grão-mestre. Conheci todos eles como “experimentadores”, ou qualquer merda parecida com isso. Repetiam sem parar que o culto refletia os contornos obscuros do sono eterno. meu graunde secreto.