Experiência
O excesso e a infância do homem
Georges Bataille (França, 1897 - 1962), em sua crítica ao pensamento ocidental logocêntrico, nos convida
a uma reflexão sobre a “experiência interior” que, segundo ele, é composta por forças heterogêneas como
acaso, não-saber, imprevisto, e somente faz sentido às vistas do excesso sofrido/suportado. Ele delineia a
experiência através de uma escrita desconfiada que transborda aspectos da literatura, da poesia e de um
discurso não completamente filosófico, pois a razão do discurso filosófico representa um bloqueio para uma
escrita que não tenha medo da deriva .
A experiência, aqui, não se associa ao conhecimento pré-reflexivo do sujeito com o mundo nem ao saber
herdado pela vivência. A “dialética” de Bataille é a dialética do limite e da transgressão, ao passo que
o conhecimento pode ser encontrado no não-saber, no impossível, por isso escolhe o excesso como
forma de abordagem da experiência, pois o excesso permite teorizar a respeito de campos não comuns à
filosofia, como a violência, o erotismo e o êxtase. Essa versão de experiência vivida ao extremo, enquanto
acontecimento-limite, permitiria ao sujeito uma abertura a conhecimentos imprevisíveis.
Em 1978, no livro “Infância e História: Destruição da experiência e origem da história”, o filósofo
Giorgio Agamben (Itália, 1942) avança nas discussões iniciadas por Walter Benjamin e referentes
ao suposto desaparecimento da experiência tradicional. Para Agamben, as experiências hoje são
vivenciadas fora de nós, vividas através de imagéticas urbanas, de campanhas midiáticas e de agendas
mercadológicas. Perdemos a posse sobre a experiência quando nos foi permitido ter autoridade sobre
conhecimentos “inexperienciáveis”.
Segundo ele, a ciência, e seu ideal de verdade, programada pelo projeto cartesiano, transladaram a
experiência do sujeito para um ponto abstrato, o ergo cogito (consciência), levando à supressão da
experiência na modernidade e consolidando uma crise contemporânea da experiência. Uma das conclusões
de Agamben é que o problema da experiência, em última análise, é um problema da origem da linguagem,
pois a experiência pura e muda ocorreria na infância humana anterior à linguagem.
Georges Bataille (França, 1897 - 1962), em sua crítica ao pensamento ocidental logocêntrico, nos convida
a uma reflexão sobre a “experiência interior” que, segundo ele, é composta por forças heterogêneas como
acaso, não-saber, imprevisto, e somente faz sentido às vistas do excesso sofrido/suportado. Ele delineia a
experiência através de uma escrita desconfiada que transborda aspectos da literatura, da poesia e de um
discurso não completamente filosófico, pois a razão do discurso filosófico representa um bloqueio para uma
escrita que não tenha medo da deriva .
A experiência, aqui, não se associa ao conhecimento pré-reflexivo do sujeito com o mundo nem ao saber
herdado pela vivência. A “dialética” de Bataille é a dialética do limite e da transgressão, ao passo que
o conhecimento pode ser encontrado no não-saber, no impossível, por isso escolhe o excesso como
forma de abordagem da experiência, pois o excesso permite teorizar a respeito de campos não comuns à
filosofia, como a violência, o erotismo e o êxtase. Essa versão de experiência vivida ao extremo, enquanto
acontecimento-limite, permitiria ao sujeito uma abertura a conhecimentos imprevisíveis.
Em 1978, no livro “Infância e História: Destruição da experiência e origem da história”, o filósofo
Giorgio Agamben (Itália, 1942) avança nas discussões iniciadas por Walter Benjamin e referentes
ao suposto desaparecimento da experiência tradicional. Para Agamben, as experiências hoje são
vivenciadas fora de nós, vividas através de imagéticas urbanas, de campanhas midiáticas e de agendas
mercadológicas. Perdemos a posse sobre a experiência quando nos foi permitido ter autoridade sobre
conhecimentos “inexperienciáveis”.
Segundo ele, a ciência, e seu ideal de verdade, programada pelo projeto cartesiano, transladaram a
experiência do sujeito para um ponto abstrato, o ergo cogito (consciência), levando à supressão da
experiência na modernidade e consolidando uma crise contemporânea da experiência. Uma das conclusões
de Agamben é que o problema da experiência, em última análise, é um problema da origem da linguagem,
pois a experiência pura e muda ocorreria na infância humana anterior à linguagem.