T.V.C.


O refúgio teórico da desorientação humana é descrito com detalhe na famosa Teoria dos Vários Caldeirões [TVC]*: Onde o mais caótico e incompreensível sentimento de inadequação que um ser humano pode sentir é expresso aos urros e gozos aos sopros e batidas aos pontapés e lástimas aos inestimáveis e cavernosos rascunhos de imantação de alienação de agonia e falta de amputação. O coma ideal é aquele consciente. Onde o menor ruído é concebido, onde o menor traço de existência é pressentido. Leve e pesado, mais pesado que leve, mais grotesco que o lado escuro da lua com sua luz seu choro e com sua esperançosa visão do amanhã renovada e revigorada pelos exploradores do lado negro, pelos analisadores ou anti-depressivos manequins que trepam e comem rãs, que escondem-se nas florestas densas de sujeira e entupidas de táxis, ondulantes perambulantes, ligando os botecos e conectando as espeluncas. Vanglorie o câncer imediatamente, extirpe-o espontaneamente, plugue sua cabeça na tomada e dê pesadas rangidas nos dentes. Entre no buraco de minhoca colossal no centro da região metropolitana e depois entre na própria minhoca e veja os vermes alimentando-se castigados, marchando para lado algum e para um lado qualquer, entre na máquina de lavar que consumiu a mãe e o pai, aquela que destruiu nosso futuro antes dele ser concretizado. Ouça a música do subconsciente arruinado desestruturado dissecado colapsado desmantelado. Mas que brilha, em essência e de cima das conexões, o frenético arrulhar do transporte massivo via BR-116 BR-101, é de alguma maneira aumentado. Carregamentos de madeira gasolina carne de boi ovelha porco (sempre comidos fora dos tempos de guerra) e por isso, devorados no falso - tendendo ao humilhante - encontro de domingo. Naquele reumático almoço patético de família disconjuntada. Beirando a normalidade em tudo, menos no critério que diz respeito ao impasse genealógico forçado pelas desventuras entre as gerações.
*Idealizada em 1997, revisitada embaixo de plátanos e finalmente (depois de Circus 6869) construída com formalismo nervista.

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